TÁ CAINDO FULÔ - PEÇA TEATRAL
TÁ CAINDO FULÔ
Onde chora uma flor, sempre uma nova nasce.
AUTOR: MARCOS SANTANA
SINOPSE
Aguardar a chegada das chuvas é uma constância para o povo sertanejo. Este fenômeno natural, fundamental para o ciclo da vida, é esperado e comemorado com ainda mais alegria pelos habitantes do nordeste do Brasil. Aqui se ora por chuva, se comemora a vinda da chuva, e também se lamenta a falta dela. A chuva no nordeste é sinônimo de vida, colheita, e renovação. A estiagem provoca tristeza e angústia no povo. A peça se origina dessa ideia de angústia marcante provocada pela falta de chuva. Mas aqui o tema se transporta para algo mais fantasioso, num realismo mágico-fantástico. Um ambiente onde é possível chover flor.
A peça gira em torno da personagem Fulô, uma mulher apaixonada por este fenômeno, a “chuva de flor”, que é exclusivo do ambiente onde ela nasceu e foi criada. Ela se vê sem razões para ser feliz após cessarem as chuvas. Tomada por este sentimento ela parte do lugar onde vive para encontrar respostas ou até mesmo trazer de volta as chuvas.
A peça também abre um debate sobre a construção da felicidade, ou a origem dela. Levando o público a refletir se a felicidade é algo que parte de dentro para fora, ou é adquirida por estímulos externos, ou ainda a junção das duas coisas. Além de entregar ao público muita diversão, mistério, música, danças e regionalismo.
Personagens
Fulô: Uma mulher apaixonada por flores, ou melhor, pela chuva de flor. Fulô é jovem. Ela vive uma saudade constante do que mais te fazia feliz na vida. Mesmo triste, melancólica e inconformada, Fulô, demonstra uma vontade de lutar, de ir em busca do que ama.
Belina: Irmã de Fulô. Ao contrário da irmã, para ela tudo está bom. Belina, muitas vezes prefere acreditar que as coisas são como são e assim devem permanecer.
Camilo: É um romântico. Ele faz par com Fulô. É poeta, amante da escrita, e sempre está inspirado.
Frade Augusto: O religioso mais conhecido da região. Augusto odeia que o chamem de padre. Ele é conselheiro, zeloso e às vezes paciente, às vezes.
Sábio: Um ser cheio de expertises. Com muitas habilidades, ele encanta por sua inteligência, mas nunca cede uma resposta da maneira mais simples. Apresenta-se como o dono do saber e adora contar charadas.
Rei Fordumeno: Um homem de meia idade muito caricato, tenta fazer uso de sua autoridade a todo instante, porém é reprimido por sua esposa, a rainha Leonara. Fordumeno é o rei do deboche. Desengonçado, atrapalhado e apaixonado pela atenção da rainha.
Rainha Leonara: Uma mulher de meia idade. Ela é doce, delicada, atenciosa. Demonstra compaixão a cada gesto. Completa o rei Fordumeno em tudo que o falta.
Guarda 1: Personagem da trama que vive no Palácio das Flores.
Guarda 2: Personagem da trama que vive no Palácio das Flores.
Rapaz 1: O personagem representa a adaptação. Diante das mudanças que acontecem no lugar em que vive, consegue extrair e criar momentos de diversão e alegria. Não se sabe se essa alegria é real.
Rapaz 2: Personagem jovem. Vive alegremente na vila, adora cantar e pregar peças. Tem uma amizade fiel com o rapaz 1 e o 3.
Rapaz 3: Personagem jovem. Vive alegremente na vila e adora pregar peças. Tem uma amizade fiel com o rapaz 1 e o 2.
O contrarregra: Personagem com função estratégica no enredo fazendo a transição de um elemento importante de palco.
Dançarina (o) 1: Personagem para composição ideal das transições de cena que terão músicas como parte do espetáculo e cantada pelos atores/dançarinos.
Dançarina (o) 2: Personagem para composição ideal das transições de cena que terão músicas como parte do espetáculo e cantada pelos atores/dançarinos.
Dançarina (o) 3: Personagem para composição ideal das transições de cena que terão músicas como parte do espetáculo e cantada pelos atores/dançarinos.
CENA 1
ABERTURA – Música instrumental de características regionais (O cenário deve conter elementos como cabaças, artefatos feitos de cipó e outras coisas de fácil remoção do palco. Além de um painel ou iluminação que represente de alguma forma um mundo cinza.). Com a abertura da iluminação entra a personagem Belina.
Belina: Eita que fulorava. E como fulorava. A gente vivia sempre à espera da primavera, mas aqui quase todo dia era primavera (Risos/emoção) (Pausa). Tremenda era a alegria, que sentia o povo, ao ver uma flor desabrochar. Pena que os dias foram passando, os tempos foram mudando e as coisas por aqui todas se alteraram. Nunca mais se viu uma flor. A coisa mais linda que acontecia por aqui era o Festival do Floreio. Pense num festejo arretado de bom. Dança, música, teatro, alegria... Era o dia mais aguardado do ano. Mas ai tudo mudou.
Manhãs cinzas, tardes tépidas e noites sombrias. Muitos daqui ficaram tão indignados que perderam o gosto de viver nesta Vila e foram embora. Outros, dizem que saíram pelo mundo a fora em busca de se encontrar uma nova semente de fazer “fulô”, mas nunca retornaram.
É claro, pra quem tava acostumado a olhar “pru céu” e ver chuva de flor... Sim, isso mesmo que vocês ouviram! (Entusiasmada) Aqui chovia flor. Uma perguntinha: Já choveu assim (flor) no lugar onde vocês moram? Nãaaaaooo? Como não? Que pena, que pena! Saibam que é a coisa mais linda do mundo! O Festival do Floreio era o ápice das chuvas de flor. Talvez nunca verão isso na vila onde vocês moram. Dizem que nos outros lugares costuma chover água. Que estranho não?! Uma das pessoas que saiu por aí a fora, querendo resolver o problema da falta de chuva nesse pedaço de chão, foi minha irmã. Ela ama Flor. E de tão apaixonada (angustiada) abandonou seu outro amor, deixou sua amada terra e seus amigos. (Suspiro) (Sai de cena)
MUDA A ILUMINAÇÃO – Entra “Fulô”, cantando uma música e jogando sementes no chão. Ela está cansada desse gesto diário que faz para saber se um dia uma nova flor irá nascer.
Fulô: (Cantando) – “Jogo a semente no chão, ‘pru’ céu eu faço a prece, quem sabe um dia no sertão, a flor desabrocha e cresce”.
– Minha sina: jogar semente seca no chão. Esperar, esperar, sem nenhum sinal de que as coisas mudem (Insatisfeita). Como é grande minha saudade. Flor aqui não nasce, não pega, só vem de lá (Olha para o céu). Parou de chover, nunca mais eu vi uma. (Cantarola novamente)
Belina: Ô Fulô, já tá ai de novo. Esquece isso, minha irmã. As coisas são do jeito que são e acontecem no tempo de Deus. Tu bem sabe! (Consolando-a)
Fulô: Não aguento é ficar sentada, esperando, vendo toda essa tristeza, e não fazer nada. Eu tenho é que tentar, tentar e tentar.
Belina: Mas e se a beleza e a alegria estiverem apenas no coração do homem?
Fulô: Como assim, irmã?
Belina: E se a gente, aqui de dentro, criar nossa própria alegria?
Fulô: Vish, que nunca parei pra pensar numas “coisera” dessas não.
Belina: Imagine, mesmo com as coisas estando assim... Podemos ser o motivo de nossa alegria. Pense, Fulô... O amor que vem de dentro! Apesar de todas as dificuldades e tudo não ser mais como a gente esperava (Pausa). O amor sai daqui, ô!
ENTRAM TRÊS RAPAZES. Eles são moradores da vila e riem da situação a qual estão vivendo.
Rapaz 1: Não tem flor, mas tem trabalho!
Rapaz 2: Não tem flor, mas tem vocês, as alegrias dos meus olhos.
Rapaz 3: Não tem flor, mas tem cachaça. (Os três gritam alegres).
Fulô: Não tem flor, mas também não tem vergonha na cara. (Brava)
Rapaz 2: Que vergonha o que Fulô! A gente tá é tentando ser feliz. Vai deixar a vida te derrubar? (pergunta ao 1) Vai deixar a vida te derrubar? (pergunta ao 3) Não?! Então vamos comemorar a vida. (Comemoram agitados)
Rapaz 1: (Se aproxima de Belina, examinando-a) Cê tem coragem de mudar daqui Belina, igual muitos já estão fazendo?
Belina: Eu mesma que não! (Enfática) Quem sabe do que pode acontecer nesse mundão doido. Cheio de perigos! (Se benze)
Rapaz 3: Olha o Lobisomem, Bela! (Belina se assusta e pula no rapaz 1) (Rapazes caem na risada) (Continua com Belina no colo até perceber que ela está pesada/Sente um incomodo nas costas ou algo do tipo)
Belina: (Grita) Misericórdia, cadê?
Rapaz 2: E você, Fulô. Tem coragem de deixar seus pais, o lugar onde foi criada e ir embora pra outro canto?
Fulô: Eu queria que...
Rapaz 1: Fulô, Fulô. Tu se atenta. “Os amigo” aqui só quer seu bem.
Fulô: E eu quero descobrir o que é o bem.
Belina: Me solta!
Rapaz 1: Foi você quem se agarrou eu mim.
Belina: Eu mesma não. Culpa desse outro idiota. E dá próxima vez vai assustar sua avó.
Rapaz 3: Vó?
Rapaz 1: Vó? Vish, então vai é demorar, que a vó desse daí já passou a muito tempo dessa pra uma pior.
Rapaz 3: Tu respeite Voinha. (Puxa a orelha do amigo)
Rapaz 2: Ah, é mais fácil a “Véa” assustar a gente, do que tu assustar ela! (Gargalhos/Risos)
Fulô e Belina: “Buuuhhhhh” (Um sonoro som de assombro bem alto)
RAPAZES SE ASSUSTAM E TENTAM SE DESCULPAR COM A FALECIDA
Rapazes: “Perdoa Vó”/ “Que Deus o tenha”/ “Volta pro mar oferenda”/ “Desgraçô, a Véa volto pra puxar o pé da gente”. (Assombrados)
(As duas ficam sorrindo no palco)
Fulô: Esses rapazes...
Belina: Esses doidos são uma graça. (Pausa) Viu, Fulô, apesar de tudo que mudou aqui eles conseguem ser felizes.
Fulô: Vi, vi sim.
Belina: Também vi! Vi que você ficou foi muito pensativa na hora que ele te perguntou aquelas “coiseiras”. Não tá pensando em...
Fulô: Mas será mesmo? Será mesmo que isso é que é ser feliz? O motivo da felicidade não deve ser o mesmo para todas as pessoas.
Belina: Larga de ser cabeça dura, Fulô.
Fulô: E tu para de ficar me enchendo (Sai irritada)
Belina: Volta aqui. Me escuta, irmã. (Segue atrás da irmã e deixa o palco vazio)
CENA 2
ENTRA UM VELHO MOSQUEIRO, UM FRADE APOSENTADO COM UMA BENGALA.
Frade: Agora todo mundo quer saber por que os dias se tornaram tristes. Eu nem exerço a função de Padre da cidade, aliás, até o daqui já foi embora. Só que todo mundo inventa de se confessar comigo. Eita ferro. (resmungando) “Por que que não tem flor?” “Cadê a alegria”? “Quando vai chover flor” – Lugar estranho de gente estranha. Onde já se viu chover flor? Hoje em dia parece estar mais normal que antes, do jeito que Deus criou. Onde eu vim amarrar meu jumento?
Fulô: Seu padre? Padre, padre? (Às pressas)
Frade: Pois não minha filha.
Fulô: A benção.
Frade: Deus te abençoe! O que foi dessa vez filha?
Fulô: O de sempre, Frade Augusto.
Frade: Não diga!
Fulô: Digo sim, Frade.
Frade: Não diga, filha.
Fulô: Digo sim, Frade. Larga de moléstia e me ouça homem de Deus.
Frade: Eu estava esperando uma novidade, minha Filha. Que tivessem chovido as benditas flores. Ohhh (Som dos anjos). Ou que tivesse chovido um pé de milho, um pé de manga, coelhos, cachorros, vacas. (Ri)
Fulô: Deixe de desdém, Frade. Tenha piedade.
Frade: Tenha piedade Deus de todos nós. Principalmente de mim.
Fulô: Frade Augusto, por que os dias se tornaram tristes?
Frade: ...Os dias se tornaram tristes? (Fala o fim da frase junto com Fulô) Então, Filha. Onde estaria a felicidade? Enxerga a felicidade como algo que parte de nós mesmos, ou algo que nos é concedido? Podemos ser felizes com tudo, podemos ser felizes com nada. E sim, muitas vezes algumas coisas contribuem para nossa felicidade. É preciso estarmos prontos para enxergá-las, vê-las, e se preciso, coragem, coragem para buscá-la.
Fulô: Isso, Frade. Isso que eu lhe perguntara. Tenho pensado em me aventurar... Ir em busca da minha felicidade!
Frade: Como assim, Filha?
Fulô: Quero fazer algo, pois não tenho nada aqui que me deixa feliz, ou que me complete. Queria voltar a me sentir inteira.
Frade: Quer dizer que vai embora, Filha?
Fulô: Não, Frade. Eu vou em busca da resposta... De uma solução. Encontrar e trazer de volta a felicidade. Entende? (levanta e sai)
Frade: Vai, Filha. Coragem! E sim, a felicidade está nas coisas simples. (Repetindo a última frase tenta sair de cena, até a chegada de Camilo)
ENTRA CAMILO. O personagem está angustiado a procura de Fulô.
Camilo: Seu Padre...
Frade: Frade... (Descontente com o erro de sempre)Camilo: E pra onde ela foi? Tenho a procurado, sinto um aperto tão grande.
Frade: Pra onde ela foi eu não sei explicar, mas saiu bastante apressada, voando como uma flor aos céus em dia de ventania.
Camilo: Lindo o que disse, até usaria em meus versos, mas veja minha aflição...
Frade: Tenha paciência, o que estiver traçado acontecerá! Vou indo, Filho.
Camilo: Vá, Seu Pa... Obrigado, homem de Deus. (Pausa) Fulô, Fulô. Já é noite e eu preciso encontrar Fulô. Fulô!!! (Em desespero)
FULÔ APARECE NO PALCO
Fulô: Camilo! Eu estava mesmo te procurando.
Fulô: Pois aqui estou, me deu uma saudade e eu precisava te ver.
Camilo: Aconteceu alguma coisa?
Camilo: Sabe dos meus receios, Fulô. Medo de um dia fazer que nem todos. Sabes do meu amor por ti, e somos muito felizes aqui, não é, Fulô!
Fulô: Sim, é Camilo! (Pensativa) (Pausa) – Eu te amo!
Camilo: Eu te amo, minha pétala mais linda. O brilho, a cor, o cheiro, a Flor mais linda que alguém já teve a oportunidade de ver.
Fulô: Sempre com palavras tão belas. Viu, como cada um têm seus motivos e coisas que lhes fazem felizes? Tu é feliz com a tua poesia, escrevendo seus versos, suas rimas...
Camilo: Como? Não entendi, Fulô!
Fulô: Tu é feliz com a tua poesia, escrevendo seus versos, suas rimas... E sou... Sou feliz com as minhas (pausa) ... As minhas flores.
Camilo: Oh, Fulô. Deixe de aperreio! Um dia “cê” vai ver, esse céu vai tá cheio de novo, as nuvens todas carregadas, e não vai ser uma simples chuva. Não! Vai cair uma tempestade de Flor. (Tentando empolgá-la)
Fulô: É vai, sim.
Camilo: Confia em mim...
Fulô: Confio! O importante é que também somos felizes juntos, podemos ser e somos a felicidade um do outro. Agora me vou que já está tarde! (Tenta confirmar o que Camilo disse mesmo não acreditando nisso totalmente)
Camilo: Painho e mainha também me esperam.
Fulô: Vamos! (Se abraçam)
Camilo: Se cuida, Fulô. Nome mais lindo esse que seus pais te deram.
Fulô: Aqueles dois são outros apaixonados pelas belezas sobrenaturais que esse lugar tinha.
CAMILO SAI DE CENA MAIS APRESSADO. FULÔ SAI DEVAGAR.
(FECHA A CORTINA)
CENA 3
(INDICAR PASSAGEM DA NOITE PARA O DIA. O CENÁRIO AINDA PERMANECE O MESMO)
Camilo: Saudades de Fulô, amores por Fulô. Mas Fulô já se foi. Foi sem avisar. Nunca mais eu vi Fulô. Nunca mais a vi cantar. Nunca mais vi meu amor, e sem o cheiro da flor nunca mais eu a vi voltar (Fala ritmado). A noite eu vi Fulô, quando era dia eu já não vi. Fulô escondia uma tristeza, talvez a tristeza que todos daqui sustentavam. Mas não imaginava que Fulô pudesse me deixar. Fulô dizia que me amava tanto. Talvez se voltasse a ter cor por aqui, nossa Fulô voltava.
Belina: Isso é hora de poesia, Camilo? Fulô se manda pra outros rumos e tu ainda consegue ficar nessa prosa doce? Ontem ela chegou à noite toda avexada, dizendo que não aguentava mais. “não aguenta mais o que mulher?” (Muda de posição para fazer o texto, como se um personagem conversasse com o outro) “Viver!” “Viver? Brigou com Camilo, foi?” Ela disse que não.
Camilo: Claro que não briguei com minha Fulô.
Belina: Ai eu perguntei: “então me conte o motivo, mulher?” (Mesmo jogo de cena) Disse que tava triste porque não tinha mais flor, não tinha mais cor. Que era injusto ela ser a última fulô da história e que iria morrer de desgosto num mundo tão cinza que tava impedindo ela até de te amar.
Camilo: De me amar?
Belina: Não viu que ela tava infeliz? Que ela te ama a gente sabe... Quando acordei, cadê a menina que não tava mais lá? Painho e mainha tão loucos de agonia.
Camilo: E eu? Fulô, por aí sozinha. Ninguém sabe se tá bem, pra onde vai, se volta. (Se ajoelha)
Belina: Calma, Camilo. As coisas vão se ajeitar. Um dia ela vai voltar e vocês serão muitos felizes. Vem comigo... (Belina leva Camilo consolando-o) (SAEM PELA ESQUERDA)
CENA 4
MUDANÇA DE LUZ (Cenário fica limpo) (Fulô entra pela direita assustada, olhando para os lados, sonoplastia de mata e animais) (A personagem ainda está perdida sem saber exatamente para onde está indo ou o que fazer).
Fulô: (Assustada/entrando no palco) – E daí se as outras coisas não me interessam? E daí se eu não gosto de escrever? E daí se eu não gosto de ouvir rádio? E daí se eu só quero saber flor? E daí se eu só quero dançar e girar, e girar e encontra minha alegria? (Muda o semblante) Eu vou seguir em qualquer direção, seja o que Deus quiser. Plantada naquela Vila é que eu não iria ficar. Vish, que eu quero ver aquela coisa linda de novo, imagine eu morrer sem outra vez ver aquele colorido. (sendo a última fulô daquele lugar). Vou seguindo por aqui e uma hora ei de chegar.
(Tira uma flor seca de sua vestimenta) – Fica triste não Camilo (Olhando para a flor) Ela já tá muito seca, murcha, mas mesmo assim, eu tô levando pra lembrar do nosso amor. (Guarda a flor)
FULÔ COMEÇA A CANTAROLAR UMA MÚSICA. Na sequência começa uma coreografia. MÚSICA JÁ INDICA A PASSAGEM DE TEMPO PARA A PRÓXIMA CENA.
Tá caindo Fulô – Domínio público
Quem ouviu o meu cantar
Um pouco me conheceu
A fulô que tu me deu
E sempre que chega a hora
E canto minha louvação
Eu não vou estar aqui
Mais nunca vou me esquecer
O calor que recebi
Dou de volta pra você
Vou me embora, vou me embora
Vou saindo em plena aurora
AO FIM DA COREOGRAFIA OS DEMAIS DANÇARINOS SAEM E FULÔ PERCEBE QUE ESTÁ EM OUTRO LUGAR.
(Fazendo parte composição cênica e da coreografia, os dançarinos alocam novos elementos no palco fazendo a mudança do cenário enquanto a música acontece). (O cenário deve conter objetos decorados com flores. Um painel de parede de castelo).
Fulô: Oxente! Que lugar mais esquisito é esse? Nunca vi um trem desse tão grande. Mas espera ai. Aquilo é flor? (Histeria) Meu Deus, é flor. Encontrei flor! Viva, Flor! (Som estranho) Mas que barulho é esse?
Fala do Rei Fordumeno em OFF: “Tragam-me a intrusa!”
Fulô: Intrusa? Quem? (Dois guardas aparecem e seguram Fulô, levando-a para o centro do palco). (MUDANÇA NA ILUMINAÇÃO. Objetivo de apresentar mais claridade à cena revelando o novo espaço).
Rei: Você mesma, mocinha!
Fulô: Mas eu não fiz nada!
Rei: Não fez? (Risos) Claro que fez!
Fulô: O que de tão grave eu poderia ter feito?
Rei: Invadir as terras do reino? Me parece uma opção interessante.
Fulô: Am? (Sem entender o que está acontecendo)
Rei: Deixe eu te explicar. Tá vendo aquela portinha ali? (fazendo referência a coxia) Tá vendo aquele monte ali? Aquela poeirinha aqui? Passou daqui... Daqui pra trás eu não sei, mas daqui pra lá é meu reino.
Rainha: (Entra triunfalmente) Seu reino não, nosso Reino! Solte-a (Ordena os guardas para soltar Fulô) (Guardas se retiram)
Rei: Sim, minha maravilhosa rainha. A mais linda rainha de todas as que já existiram! (Bajulando)
Rainha: Sem bajulação. Mas o que está acontecendo? Quem é essa moça?
Rei: Ela invadiu o reino.
Fulô: Eu não invadi!
Rei: Invadiu sim.
Rainha: E o que te traz até aqui, bela jovem?
Fulô: Eu por acaso avistei algumas flores e quando vi tinha parado aqui, perto deste rei destrambelhado.
Rainha: Destrambelhado? (Risos) Concordo!
Rei: Perdão do que estão rindo?
Rainha: De você... Perdão, digo de NADA! De nadinha.
Rei: Já posso mandar prender a moça no galpão.
Rainha: O que é isso Rei Fordumeno, a moça parece ser tão inofensiva.
Fulô: (Fazendo charme) – E gosto de flor.
Rainha: Viu, Fordumeno. Ela gosta de Flor.
Rei: Quem não gosta de Flor, menina. (Deboche)
Fulô começa a dar gargalhadas, sem aguentar de tanto sorrir.
Rei: Alguém me diz por que ela tanto rir?
Fulô: “Fordumeno” (Repete o nome do rei e continua a gargalhar)
Rei: Ela tá debochando de mim, minha rainha. Você vai deixar? (Chateado, fazendo drama).
Rainha: Bela moça jovem? Contenha-se. (Também segurando riso)
Fulô: Sim, majestade. Perdão (Controlando o riso)
Rainha: Ainda não nos apresentamos...
Fulô: Me chamo Fulô.
Rei: É não dava pra gostar de outra coisa, só podia gostar de flor com esse nome. Pelo visto o nome do pai deve ser Girassol e a mãe Samambaia? (Sorri)
Rainha: Fordumeno, não está em condições de criticar o nome de ninguém.
Fulô: Não mesmo. (Ri)
Rei: Haha! Que engraçado. (Debochando).
Rainha: Eu me chamo Leonara, muito prazer.
Fulô: Posso fazer uma perguntinha? Por acaso, por aqui vocês realizam o Festival do Floreio?
Rei: Festival do Floreio? O que ser isso?
Fulô: É que com tantas flores nessa casa grande... (Vai observar de perto e com amor as flores do cenário)
Rainha: Essa casa grande se chama palácio, Fulô!
Fulô: Sim, tantas flores neste palácio e não realizam o Festival do Floreio?
Rei e rainha se olham
Fulô: Todo ano lá na minha cidade nós realizávamos esse festival. Com muita comida, muito colorido, Flores de todos os tipos. Muita dança, música...
Rei: Olha só, gostei da ideia. Não é que essa moça traz boas novidades? Vou pedir urgentemente que providenciem essa tal festa.
Rainha: Fulô? Você disse que realizavam, por que a festa não acontece mais?
Fulô: Esse é o motivo da minha vinda.
Rei: Eu sabia que vinha pedir coisa. Não estamos dando patrocínio, Mocinha! Já bastam os grupos de teatro.
Rainha: Uma chuva de flor? Como? (Sem entender)
Rei: Viu que a moça não está batendo bem das ideias?
Fulô: Sim, na minha cidade, invés de chover água, como disseram que é em outros lugares, lá chovia flores (Entusiasmada com as lembranças) Aqui também chove flor?
Rei: Hahaha. Ela está louca, minha deusa. Não dê ouvidos.
Rainha: Muito estranho Fulô, nunca ouvimos falar em algo do tipo. Realmente é verdade?
Fulô: Sim, sim. Pode ir lá e perguntar a todos. (Persuasiva)
Rainha: Aqui não chove flor, chove água.
Fulô: Que sem graça.
Rainha: E de onde vem à água deste lugar que mora, menina?
Fulô: De um riacho que corre lá perto e nunca secou.
Rei e Rainha: ESTRANHO!
Fulô: Aproveitando que estou aqui... Preciso de ajuda pra fazer chover Fulô novamente. Ai eu estava pensando, e se eu plantasse uma flor na minha cidade, será que não ajudaria?
Rei: E onde vai encontrar uma Flor?
Fulô: (Olha para todos os lados) Será que vocês não poderiam me dar uma?
Rei: NÃO! Onde já se viu.
Fulô: Por que não? Vocês têm tantas. Queria apenas uma mudinha...
Rainha: É que aqui também tem algo que não é muito comum.
Rei: Conte a ela...
Rainha: Todas essas flores que você vê espalhadas por todo palácio, lá fora e aqui dentro, na verdade nascem de apenas um lugar...
Fulô: Como assim? Eu achei que vocês que tinham decorado. (Assustada)
Rei: Pois não é decoração. (Voz sombria. Tenta assustá-la).
Rainha: A antiga rainha, a minha mãe, Rainha Vitória, passava muito tempo em seu quarto. Ninguém sabe ao certo o que provocou isso tudo!
Fulô: Isso tudo? Isso tudo o quê?
Rei: O mistério (Grita) (Fulô da um grito de susto)
Rainha: Mesmo antes dela morrer...
Rei: Morrer!!! (Grita dando ênfase e assustando Fulô)
Fulô: (Engole seco) Morreu e... (Angustiada)
Rainha: Mesmo antes dela morrer, (muda o tom) começou a nascer do chão do quarto um ramo de flor. Tentamos cortar, mas nada o destruía. A cada tentativa de corte a dor da rainha intensificava. A deixando cada vez mais frágil. (Ele) O ramo foi crescendo, crescendo, dando voltas no palácio. Passando por dentro das portas e janelas, nas salas, quartos e cozinha, até este enorme castelo ficar assim, repleto de flor pra todo lado que se olha.
Rei: Explicação para isso? Não temos!
Fulô: Minha nossa (Abismada) Queria algo assim na minha casa. Mas não dá pra arrancar só uma florzinha pra mim?
Rei: Qual parte do não dá para arrancar você não entendeu? E além do mais hoje temos medo de tentar algo e a raiz morrer definitivamente.
Rainha: Sim, e o reino ficou ainda mais lindo assim.
Fulô: Mas e como vocês usam coroas de flores? (Examina e investiga)
REI E RAINHA SE OLHAM
Rei: Não bobinha, isso aqui são os nossos empregados que fazem, tudo de plástico.
Fulô: Flor de plástico? Que sem graça, não pode ser. (Se aproxima da rainha para observar)
Rainha: É que o rei ficou tão empolgado em proclamar o palácio das flores, o único deste lado do ocidente, que passou a querer tudo de flor. Status.
Rei: Tudo bem chique? Diga se não está um luxo?
Fulô: Mas e eu? O que faço?
Rainha: Acho que podemos fazer algo. Talvez o “mago” do castelo possa ter alguma resposta. Mas ele é sempre cheio de enigmas, mas creio que possa ajudar. Você é esperta.
Rei: Fique e mandaremos ele vir até aqui. Vamos minha rainha?
Rainha: Vamos, meu rei. Uma alegria te conhecer, Fulô. Boa sorte em sua jornada.
Fulô: Obrigada, majestade. (Triste)
CENA 5
APARECE O MAGO MISTERIOSO
Sábio: A menina vinda de longe? Das terras hoje cinzas? Terra dos milagres vindos do céu em forma de flor... E por lá deixou seu amor em busca de um outro amor? (Examinando-a/serelepe)
Fulô: Espera! Como sabe de tudo isso?
Sábio: E o que é que eu não sei?! (misterioso) Às vezes eu sei. Mas às vezes não posso falar. Às vezes eu falo, mas não sabem me interpretar. Sim, é difícil compreender o futuro. Muito Difícil.
Fulô: Mas o que é você?
Sábio: Eu sou um sábio. Um oráculo. Um vidente. Um interpretador de sonhos. Ou até mesmo um mago. Como queira me chamar...
Fulô: E o que você faz aqui?
Sábio: Eu ajudo o rei e a rainha a tomarem decisões, principalmente interpretando os sonhos que circundam a cabecinha daqueles dois. Este é o meu papel neste palácio.
Fulô: A rainha disse que...
Sábio: Sim, te ajudar com um problema. Talvez eu possa te ajudar. Faça sua pergunta:
Fulô: É que...
Sábio: Já sei, já sei! Quer fazer chover Flor. Primeira vez que alguém me pergunta sobre isso.
Fulô: E então... Alguma resposta?
Sábio: Não, não, não... (Fazendo de desentendido) (Fulô gesticula com as mãos esperando alguma resposta) Sim, sim, sim. A resposta está dentro de você.
FULÔ NÃO ENTENDE BEM O QUE ELE FALA.
Sábio: Se acalme, não se desespere.
Fulô: Me explique! (Súplica)
Sábio: (Em versos)
Fulô: O que? Eu não consegui entender. Pode repetir?
Sábio: Não, não, não. Sem repetições. (Cruza os braços)
Fulô: Eu não entendi. Ainda não sei o que fazer. Poderia ser mais claro?
Sábio: “Chiiiiiiii”... Essa daí quer me dar trabalho. As coisas são do jeito que são. Acontecem quando tem que acontecer. Não posso sair por ai falando tudo, se não vou prejudicar você.
Fulô: Por favor! (Triste)
Sábio: Não posso ser mais claro que isso, se não comprometeria o futuro. Falando em futuro, preciso ir embora. As estrelas me chamam.
Fulô: (Chorando) Vai me deixar aqui?
Sábio: Não chore! Já te dei as respostas (Pausa) Adeus, Fulô.
Fulô: Não vá...
Sábio: Adeus! Nada é difícil, tudo é fácil... Ou vice-versa.
Fulô: (Choro/desespero) Por que eu não encontro respostas? Por que tá sendo tão difícil? Olha minha dor, CÉU?! Mande de volta Flor pra mim. Não posso viver infeliz.
Sábio: Você vai se encontrar Fulô. Volte pra onde veio, talvez precise de tempo para a raiz vingar. (O oráculo cruza o palco com esses dizeres e some novamente)
Fulô: Volte aqui! É o que?... Okay, mago chato. Quer saber de uma? Você não sabe é de nada. Não sabe de nada! Eu vou me embora que não aguento mais esse lugar. E nem você com essa falação que não me deixa entender nada. (Gritando para a coxia) Pelo menos aqui é um bom lugar, tem flor. Se a rainha deixasse e Camilo aceitasse, quem sabe não poderíamos morar aqui. Mas quer saber? Eu vou embora. Quem sabe uma hora dessas já não deve ter chovido Fulô. Tchau povo desse reino estranho.
(FECHA A CORTINA)
CENA 6
O CENÁRIO É O MESMO DA PRIMEIRA CENA
Belina: Camilo, Camilo!!! Fulô apareceu! (Eufórica)
Camilo: (Sai da coxia) Minha flor voltou?
Belina: Voltou, Camilo! Voltou!
Camilo: E cadê ela? Onde ela tá? Fulô (Gritando)
Belina: Calma, Camilo. Ela tá bem. Voltou meio fraquinha de tanto caminhar. Agora tá lá em casa tomando uns xingo de painho mais mainha. Quem manda sumir sem avisar.
Camilo: Coitada de Fulô. E onde ela tava?
Belina: Não sei. Chegou com umas "história" doida, eu acho que era no estrangeiro.
Camilo: Que estrangeiro o que. Ela nunca chegaria lá caminhando.
Belina: Vá saber...
Camilo: Quero ver Fulô. Eu vou é me arrumar pra ver aquela linda! (Apaixonado)
Belina: Tu vai lá e eu vou preparar um bolo pra ela comer. Já a gente se encontra. (Saem pela esquerda)
Rapaz 1: (Entra pela direita) Quer dizer que Fulô voltou! Vou chamar os meninos pra pregar uma peça nela. (Puxam os amigos na coxia direita)
Rapaz 2: Que que foi?Rapaz 3: E daí?
Rapaz 1: Vamos fazer uma brincadeirinha com ela.
Rapaz 2: Adoramos brincadeirinhas.
Rapaz 3: Como vai ser? (OS RAPAZES COCHICHAM) Os três se dirigindo em direção a outra coxia (Esquerda)
Os três: Tá chovendo Fulô. Aêee! VIVA! Tá chovendo flor! Alegria! Viva. Corre aqui fora Fulô, vem ver a chuva colorida. Tá chovendo Flor!
Fulô: Choveu flor (girando e rodando, agradecendo, de olhos fechados) Tá chovendo, Flor. Viva! (A essa altura os rapazes já estão quietos olhando pra ela) (Fulô abre os olhos ainda comemorando) Ué, cadê? “Cadê minhas fulô”??
Os três caem na gargalhada
Rapaz 3: É mentira, Fulô! (Risos)
Rapaz 2: Ela caiu!! (Risos)
Fulô: Vão se embora daqui se não eu vou virar uma onça. SAIII!!! (Grita) (Parte pra cima deles e eles saem correndo)
Camilo: Fulô, minha flor. Que foi? Ouvi tu gritando. (Se abraçam)
Fulô: Saudades de tu!
Camilo: Amores por tu! (Beijo na testa)
Belina: Fulô, fiz um bolo pra tu! Larga minha irmã que ninguém vai namorar aqui agora. Também “tô” morrendo de saudades.
Fulô: De cenoura?
Belina: Mas é claro, seu preferido.
Fulô: Que fomeee!
Camilo: Encontrou o que queria, Fulô?
Fulô: Quase nada. Fora o que já lhe contaram, conheci um tal Sábio que me deixou toda encafifada.
Camilo: Eu avisei que dava pra ser feliz aqui. (Contestando)
Belina: Por que, Fulô? (Afasta Camilo, tirando-o da conversa).
Fulô: Ainda tô tentando entender o que ele falou. Falou que alguma coisa tinha que ser enraizada, pra de lá do céu, não sei o que mais e depois chover felicidade.
Belina: Estranho! Enraizar?
Camilo: Vai ver o tal mago/sábio tava falando de você, a flor deste lugar, ficar por aqui e não ficar se arriscando mundo a fora. (Incisivo/persuadindo-a)
Fulô: Mas eu não vou sumir outra vez. Nem sei o que fazer.
Belina: Fica com a gente, Fulô!
CENA SE CONGELA E O MAGO APARECE PARA FULÔ COMO SE FOSSE UMA VISÃO
Sábio: Fulô? Te achei! (Ele transita entre os personagens congelados) Está quase se encontrando, tua resposta já chegou! Não desista de ser feliz. Acorde, pois tua alegria está próxima! Você precisa estar atenta. E lembre-se querida: Onde chora uma flor/ Sempre uma nova nasce.
A CENA SE DESCOGELA E FULÔ MUDA O RUMO DA CONVERSA!
Fulô: Eu vou “é me” embora!
Os dois: É o que?
Fulô: Não vou desistir. Preciso voltar. Eu vi o mago!
Camilo: Aonde? Cadê esse safado?
Belina: Fica quieto, Camilo! Você nem dá medo!
Fulô: Eu vou voltar no reino. Ou lá tem uma resposta ou ele vai ter que me explicar.
Belina: Se você for eu também vou.
Camilo: Isso, ela vai!
Belina: E você...
Camilo: Eu? (Belina gesticula tentando convencê-lo) E eu vou também. (Tremendo/Com medo)
Fulô: Vão ir?
Os dois: Vamos!
Fulô: Então bora que é longe!
(CANTAM MÚSICA GIRANDO NO PALCO)
RAPAZES OUVEM TODA A CONVERSA E ENTRAM NO PALCO
Rapaz 2: Ouviram isso? Vamos segui-los até o tal reino!! (Fazem a passagem de tempo cantando uma música engraçada)
Música:
Nós vamos seguindo/ Por este caminho/ Ver esse tal reino/ Não deve ter perigo/ Apesar de parecer ser durões/ também gostamos flor/ No fundo lá no fundo/ Todo mundo quer amor/ Foi a vovó que me ensinou! “Eu que ensinei” (Voz da vovó em sonoplastia)
Rapazes: Vó???? (Medo)
Rapazes saem correndo assustados (Saem pela esquerda/ Fulô e seus amigos entram pela direita)
(LUZES APAGADAS MUDANÇA NO PAINEL E RETIDA DOS ELEMENTOS DA CENA ANTERIOR)
Rei em OFF: Aquela moça nas terras do reino outra vez!
Fulô: Missão de paz. Esses são meus amigos! (Olhando para o infinito) –(Se dirigindo a Belina e Camilo)
Camilo: Que voz é essa?
Fulô: Não se preocupem, é só o bobo do rei.
Belina: E aquele quem é? (Misteriosamente já dentro da cena)
Fulô: Mago, precisava mesmo te ver. Acho que entendi o seu recado. Pelo que disse, uma nova flor deve florescer na minha Vila. Mas essa flor não sou eu. Onde vou encontrá-la?
Mago: Muito sábia, Fulô! Percebo que está se encontrando. Não vai me apresentá-los?
Fulô: Sim, claro!
Mago: Como vai Camilo? Como Vai Belina?
Os dois: Como ele sabe meu nome? (Assustados)
Fulô: Como eu disse pra vocês ele é muito inteligente.
Mago: Não precisa de explicações pra tudo, assim o mundo seria sem graça.
Camilo: Não gosto nem um pouco deste sabichão!
Mago: Venha, Fulô. Precisa ver isso! (Saem)
UM CONTRARREGRA APARECE POSICIONANDO ALGO NO PALCO. OS TRÊS RAPAZES ENTRAM OBSERVANDO-O E CATAM NOVAMENTE A MESMA MELODIA:
Então deve ser retirado (Seguram o contrarregra)
Mas que bonitinho parece um pé de... (Cantado somente por um dos rapazes)
Outros dois: Sai logo, eles já estão vindo! (Correm)
Mago: Aqui está o que tanto queria te mostrar.
Fulô: O que é isso?
Mago: Se aproxime e verás. Lembra-se deste lugar e o que fez aqui?
Fulô: Sim, foi quando fiquei desesperada e muito triste choran... (Surge um estralar na mente e começa a repetir frases ditas anteriormente pelo mago) – Onde chora uma flor, sempre uma nova nasce. (Repete a frase alto e grita de alegria) – Eu não acredito!
Mago: Acredite! Encontrou suas respostas?
Fulô: (Desembrulha o pé de flor) – Vocês estão vendo? É uma Flor! Nasceu uma Flor!
Camilo: Tão linda como você!
Belina: É uma linda Flor!
Fulô: Mas e agora? O que faço?
Mago: Para chover, no chão da sua Vila ela precisa estar! Adeus!
Fulô: E como eu faço isso? Volte aqui!
Camilo: Então precisamos levar esta flor pra casa! (Camilo arranca a flor do lugar) (Fulô observa a planta)
Fulô: (Grita) Nãoooooo!!
Belina: Você arrancou, ela vai morrer. Não vai aguentar a viagem!
Camilo: Perdão, Fulô. Eu não sabia que não podia. (Coloca a flor na frente do palco)
Belina: O que faremos, Fulô?
Fulô: Eu não sei! (Dá de ombros, abraça os amigos e começa a chorar de costas) (na sequência canta uma música)
MÚSICA: LÁGRIMAS DO ENCANTO
A flor já não tenho mais
As chuvas não virão
Trazendo alegria e paz
(OS RAPAZES ENTRAM AO PERCEBER QUE A PLANTA SE ERGUEU)
Os três: Ela viveu!!! (gritando)
Fulô: É o que?
Os três: Ela viveu!!!
Belina: Quem?
Os três: A flor!
Camilo: O que vocês estão fazendo aqui?
Os três: Missão de paz, como disseram (Risos).
Rapaz 3: Mas não importa agora! Fulô, quando você cantou a flor se mexeu, ficou mais colorida e viva.
Rapaz 1: Eu vi ela se erguendo!
Rapaz 2: Cante novamente! (Fulô, observa todo mundo!)
Todos: Canta Fulô! (Ela se assusta e começa cantar novamente)
Rapaz 2: Agora vamos todos “simbora”, só não parem de cantar. Todos juntos!
Rapaz 3: (Pega instrumentos na coxia e retorna ao palco) A rainha até emprestou essas coisas!!
OS PERSONAGENS GIRAM NO PALCO CANTANDO E TOCANDO E SAEM DE CENA
(Entram o rei e a rainha)
Rainha: (Depois de todos saírem do palco) – Que lindo, não achou rei!
Rei: (Emocionado) Sim, caiu até um cisco em meus olhos!
FECHA A CORTINA
CENA 7
OS RAPAZES QUE AUXILIARAM NA CANTURIA DESCEM DA COXIA E VÃO PARA A PLATEIA ANUNCIANDO A BOA NOVA COM MUITA ANIMAÇÃO E CANTANDO. DIALOGAM COM A PLATEIA COMO SE LÁ FOSSE A VILA ONDE MORAVAM. TAMBÉM PODE SER O UTILIZADO A SAÍDA DOS FUNDOS DO PALCO PARA ENTRAR NA PLATEIA.
Rapaz 1: A flor viveu, a flor viveu!
Rapaz 2: Não sabe o que houve?
Rapaz 3: Tá chegando a redenção!!
Belina: A (Minha irmã) menina tá cantando e a flor tá viva! Viva!
Rapaz 2: Fulô, a filha da nossa terra, tá trazendo a flor que pode trazer chuva!
Belina: É chagada a hora!
Todos: Viva!
ABRE A CORTINA. FULÔ E CAMILO JÁ ESTÃO NO PALCO POSICIONADOS!
(Camilo segurando a flor e Fulô preparando a terra)
Camilo: Não pare de cantar, Fulô!
Fulô: “Essa é minha flor. Que caiu no meu quintal! Que me trouxe amor! Afastou o vendaval. Paz e tanto amor. Fez um carnaval. Hoje eu sou Fulô, livre de todo mal”. (Canto baixo e suave)
Camilo: Traga água, Belina!
Belina: Tô pegando, homem! (Chega com a água) Camilo e Belina encaixam a planta e Belina molha!
Fulô: Vish, que eu não tinha era mais ideia do que cantar. (Ri)
Belina: Será que vai dar certo?
Fulô e Camilo: Tem que dar!
Belina: Mas ela não me parece tão firme...
Camilo: Canta mais Fulô! (FULÔ REPETE O MANTRA)Belina: Isso minha irmã! Agora ela tá ficando linda. Vish Maria!
Camilo: Será que nunca mais tu vai poder sair de perto dessa planta?
Fulô: Vocês dois deixem de agonia e me deixem sozinha com ela! Se o mago estiver certo... Acho que agora entendi o que ele quis dizer.
Belina: Ele há de estar certo, minha irmã!
Fulô: “Quem sabe um dia ela não brota, faz rair aqui. Quem sabe ela não chama a chuva de flor”.
Belina: Vish, que eu vô contar é pra todo mundo (Animada) (Sai do palco).
Camilo: Fulô, agora vamos cuidar da gente, do nosso amor?
Fulô: (Se levanta e fica de frente para ele) Vamos sim! Eu pelo menos tentei. Seja o que Deus quiser. Minha chuva de Fulô nunca que volta... um dos meus amores. Mas meu outro amor, que é você Camilo... Este eu não posso perder!
Camilo: Você não vai... (Segura a mão de Fulô)
Camilo: Eu vou ali e já volto, Fulô. Vou buscar algo que estava guardando pra ti!!!
Fulô: Tudo bem Camilo!
FULÔ COMEÇA A CANTAROLAR (olhando para a planta)
Fulô pega um lençol e estende sob o palco. No ultimo verso Camilo aparece com uma aliança, abraça Fulô e de repente revela a surpresa, o pedido de casamento. Neste momento começa a chover flores (Flores são arremessadas da coxia para o palco). Fulô fica eufórica e começa a rodopiar e cantar ainda mais alto com Camilo. Entram os demais personagens para dançar e celebrar a chuva de flores, ao fim da coreografia as cortinas se fecham.
Parabéns e sucesso sempre!
ResponderExcluirAdorei a peça, bom texto.
Parabéns Marcos!! Você é um excelente profissional e um grande ser humano!! Desejo que as pessoas possam descobrir a cada dia o grande valor da arte na formação integral do sujeito. SUCESSO!!!
ResponderExcluirMenino!!
ResponderExcluirAmei a peça, da até vondade de ser um dos personagens rsrss.
Parabéns por tamanho talento e dedicação!
❤👏🏻